Quando o assunto é doença, muitos pais e responsáveis se perguntam: “Devo conversar com meu filho sobre isso?” A preocupação em gerar medo ou ansiedade pode nos levar a evitar o tema, mas o diálogo é o melhor caminho. Envolver as crianças, de forma respeitosa e lúdica, ajuda a aliviar a tensão e proporciona a elas a chance de entenderem e lidarem com o que está acontecendo.
O papel do diálogo sincero e lúdico
Para as crianças maiores, uma boa abordagem é ouvir primeiro. Pergunte o que elas sabem ou sentem e, a partir disso, responda suas dúvidas com sinceridade, mas de forma adaptada à sua idade. Analogias, livros infantis e desenhos são ótimos recursos para explicar conceitos complexos de maneira mais leve. Usar a linguagem da criança é fundamental para que ela se sinta segura e compreendida.
Valorizar a participação da criança
É essencial reconhecer que as crianças também fazem parte do processo de cuidado, seja tomando remédios ou realizando exames. Ao envolvê-las nas decisões e permitir que expressem suas dúvidas, damos a elas o respeito que merecem. Isso não só fortalece a sua autoestima, mas também as ajuda a processar melhor a situação de adoecimento. Como Mello Filho (1992) destacou, permitir essa participação ativa facilita a recuperação e a adaptação durante o tratamento.

A doença como uma pausa não programada
Uma doença tende a tirar qualquer pessoa da sua rotina habitual. Além disso, doenças graves frequentemente carregam o estigma da morte, o que gera ainda mais medo. Quando uma criança adoece, o impacto é sentido por toda a família, muitas vezes gerando sentimentos de culpa ou de perda. O apoio emocional para todos os envolvidos é crucial nesse processo.
O impacto da pandemia
A pandemia trouxe um cenário único de sofrimento coletivo, com o distanciamento físico dificultando o apoio familiar em momentos delicados. Seja no hospital ou em casa, o isolamento gerou novas demandas emocionais, como aumento de ansiedade e outros quadros psicológicos, tanto para as crianças quanto para os pais.
A importância de reconhecer as emoções
Identificar e reconhecer as emoções é o primeiro passo para a regulação emocional. Esse processo envolve níveis biológicos, comportamentais e cognitivos. A regulação emocional nos permite voltar ao estado de bem-estar ou encontrar uma adaptação melhor às circunstâncias.
Você só pode regular algo que conhece. Por isso, investir em educação emocional é tão importante. Quando nomeamos as emoções, abrimos caminho para compreendê-las e manejá-las. Com as crianças, é essencial usar o lúdico—como brincadeiras simbólicas, desenhos e histórias—para validar seus sentimentos e promover o diálogo sobre o que está acontecendo.
O exemplo dos pais
As crianças aprendem muito observando as reações dos pais. Se o ambiente familiar estiver carregado de sentimentos confusos, isso pode gerar medo e irritação nos pequenos. O ideal é mostrar que sentir é normal e que todos têm emoções que precisam ser respeitadas e cuidadas. Não precisamos ser perfeitos; podemos admitir que estamos tristes e que, juntos, podemos buscar formas de nos sentirmos melhor.
Rede de apoio e ajuda profissional
Em tempos difíceis, contar com uma rede de apoio e buscar ajuda profissional pode fazer toda a diferença. Isso vale tanto para as crianças quanto para os pais, que também precisam cuidar de suas emoções para poderem oferecer suporte aos seus filhos.